Case Flamengo: Recovery e a Recuperação da Fadiga Mental e Cognitiva

Com a brutal escalada da ansiedade e do estresse no ambiente de trabalho e, em outras dimensões onde a competição acirrada está presente como no esporte por exemplo, mais do que nunca estratégias de recovery relacionadas à fadiga mental e cognitiva são necessárias.

Recentemente um grupo de pesquisadores da Alemanha e da Áustria revisou quase 15 mil resultados de pesquisas por trabalhos científicos sobre o tema e concluíram o que o bom senso anuncia: pessoas fatigadas mentalmente diminuem drasticamente sua performance.

A definição de fadiga mental extraída nessa revisão é o estado psicológico ocasionado por longos períodos de atividades com demanda mental, podendo comprometer o foco, o controle cognitivo e o monitoramento das ações.

Nos anos de 2016 e 2017 tive a oportunidade de ajudar na construção de todo o conceito do Centro de Excelência em Performance do Flamengo – CEP. Nesse período, eu e o Dr Carlos Eduardo Brito, meu sócio, pudemos incluir um programa de recovery mental no protocolo de atividades do CEP.

Esse programa foi estruturado em dois grandes blocos: o primeiro de educação e ampliação de consciência sobre o funcionamento do mundo mental e emocional de cada atleta. O segundo com a utilização de diversas estratégias e técnicas de relaxamento e regulação emocional orientadas à redução da fadiga mental.

 

Na foto acima o atleta de MMA Anderson Silva seguindo o protocolo do CEP Flamengo.

Utilizando o conceito do Instituto HeartMath de coerência cardíaca, demonstramos como todos os sistemas corporais incluindo a frequência de ondas cerebrais se sincronizam com um ritmo cardíaco coerente advindo do estado de relaxamento. Os principais instrumentos que utilizamos foram: 

1.Técnicas de relaxamento

  • relaxamento muscular profundo (técnica de Jacobson)
  • relaxamento condicionado (técnica de Jacobson e Pavlov)
  • relaxamento por indução 

2.Técnicas de relaxamento com biofeedback

Ao apresentar graficamente diferentes (mas interligados) respostas fisiológicas como respiração, frequência cardíaca, temperatura e resposta galvânica da pele, o biofeedback permitiu aos atletas a percepção em tempo real de como a técnica de regulação que estava utilizando afetava sua fisiologia. Assim o processo de regulação e gerenciamento do estresse ficou bem efetivo.

3.Técnicas de relaxamento com neurofeedback

Aqui o utilizamos o treinamento de ondas de baixa frequência e bloqueio de ondas de ativação do cérebro.

4.Respiração diafragmática

Técnica de relaxamento básica, que consiste em respirar a partir da parte inferior do estômago ou diafragma em vez da área torácica. 

5.Sintetizador de ondas cerebrais

Utilizando o aparelho Mindlight que, através de uma ação combinada de luzes e sons binaurais, estimula ondas cerebrais de baixa frequência, conseguimos induzir em apenas 30/40 minutos estados de relaxamento profundo extremamente restauradores. 

Os resultados foram excelentes medidos por um questionário de percepção subjetiva em escala acerca de alguns aspectos como qualidade do sono, dor muscular residual, fadiga e nível de energia.

Essa experiência no Flamengo em um ambiente de altíssima exigência mental aliado aos trabalhos recentes com atletas de alto rendimento de outras modalidades e executivos de várias empresas, reforçam em mim a convicção que o tema da regulação emocional e gerenciamento do estresse, deveria estar entre os elementos mais importantes da estratégia de qualquer organização, seja pelo lado do bem-estar humano como também pelo impacto (difícil de tangibilizar) óbvio nos resultados.

 

E na sua organização, qual o orçamento de tempo, energia e dinheiro é dedicado a essa questão?

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